Essa foi fisgada no Rio Cuiabá em Nobres-MT,
Essa outra foi vista no rio Salobra em Nobres-MT.
Existem 3 gêneros de arraias de água doce, diferenciadas pelo número de raios peitorais: Plesiotrygon (80), Potamotrygon (95) e Paratrygon (110), com cerca de 20 espécies no total. As mais encontradas tanto nos rios quanto à venda no Brasil são as Potamotrygon. Quatro espécies desse gênero são comercializadas em grandes quantidades. As do gênero Paratrygon são conhecidas também como arraias de antena.
Em alguns países do mundo é comum se apresentar o gênero Dasyatis, cujas espécies habitam água salobra, como raias de água doce. Muitos animais destas regiões que possuem cerca de 1/4 de água salgada e o restante doce realmente sobrevivem em água doce, porém não se pode assumir que elas sobreviverão em boas condições, nem que elas não sofrerão restrição de tempo de vida por causa disso. Apesar da baixa possibilidade de se encontrar animais deste gênero no Brasil, é importante se assegurar da espécie adquirida.
No Rio Negro, um dos rios da Bacia Amazônica onde vivem as espécies mais encontradas em cativeiro e de mais fácil manutenção (como a P. motoro) vivem em águas bem ácidas (chegando a extremos como pH 5.0!) com fundo lodoso e rico em folhas em decomposição. Já as arraias asiáticas (como a P. 58, a arraia chinesa, e a raia de bolas brancas, P. leopoldi) preferem uma água dura e básica, mas vivem em rios com composição do fundo semelhante.
Manejo da Arraia
A existência do ferrão é um agravante: sempre fique atento no manejo, o veneno é bem desagradável e o ferimento pode causar várias reações desde infecções até a morte em caso de choque anafilático. O ferrão é trocado aproximadamente de 6 em 6 meses, em uma boa parte do tempo é possível acompanhar o crescimento da nova arma.
Alguns criadores utilizam mangueiras de distribuição de ar (lembra dos velhos tempos da bombinha de ar e pedra porosa?) para encapar o ferrão, assim evitando acidentes no manejo. Esta é uma forma que se desenvolveu para se manipular (ou PERTURBAR) o animal com menos riscos, porém o ferrão novo cresce sem que o velho seja solto, então durante um bom período do tempo o animal possui 2 ferrões, o que gera mais trabalho. Como a manutenção exige pouca ou até mesmo nenhuma interação física homem-animal, é mais arriscado encampar o ferrão a cada 6 meses do que deixar o animal em paz, sem contar que é menos estressante.
Alimentação
Alimentam-se facilmente. São carnívoras, na natureza basicamente comem anelídeos, vermes, insetos e peixes. No aquário podem ser alimentadas com pequenos peixes, bolinhas de patê de fígado, minhocas, larvas de tenébrio, zoophobas e camarões de água doce (muito apreciado). Animais recém adquiridos que entraram em processo de anorexia (recusa de alimentos) costumam voltar a comer quando se oferece camarões ou minhocas vivas.
É muito simples acostumar um exemplar a comer na mão: com o animal já estabilizado no aquário, pegue um pedaço de comida palatável (com sabor agradável, que ela goste) e mostre a comida ao peixe, que provavelmente irá atrás. Muito cuidado com essa brincadeira, primeiro pelo perigo do ferrão, depois pela sujeira que é enfiar a mão constantemente no aquário. Depois da alimentação é ideal retirar todos os restos de comida com uma rápida sifonagem.
Reprodução
Apesar de ser difícil a reprodução em cativeiro (mais por causa do tamanho do que por outro motivo) ela é bem documentada e muitos aquaristas americanos, europeus e instituições de pesquisa destes animais conseguem com relativa facilidade. São ovovivíparas (ou vivíparas, já que a primeira expressão está caindo em desuso), atingem a maturidade sexual aos 2 anos, e geram uma prole de até 10 filhotes (na média cerca de 4) por temporada. O macho apresenta o clásper, um par de órgãos sexuais localizado entre a nadadeira anal e o "rabo", semelhantes a dois pênis paralelos, um de cada lado da cauda, muito evidente quando se compara os sexos, e visível inclusive em um animal impúbere.
O grande problema é que não se tem definido os fatores que desencadeiam a reprodução (como o fotoperíodo, a temperatura da água, pH e a variação destes fatores), mas sabe-se que é imprescindivel uma qualidade de água excelente com baixíssimas e estáveis quantidades de nitritos e nitratos. O acasalamento é razoavelmente violento, e não raro a fêmea se machuca com relativa seriedade. Nestes casos é aconselhável cuidados preventivos para que os ferimentos não infeccionem. A gravidez dura cerca de 3 meses.
Imagens. Jair Andrey
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